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Truques de matemática

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

BRINCANDO COM A MATEMÁTICA









Pais podem desempenhar um papel precioso para familiarizar os mais pequenos com o mundo da Matemática.
Contas de Fazer por Casa
Por BÁRBARA SIMÕES

São exercícios simples, brincadeiras com as matrículas do carros e jogos com a conta das compras. Podem ser de grande utilidade para ajudar os miúdos a desenvolver o cálculo mental e a conviver com os números. Alguns exemplos para treinar a Matemática.
"Supercalifrajalisticexpealidotius". Para começar, deixe a criança contar quantas letras tem esta palavra. Se cada vogal custar cinco cêntimos e cada consoante dez, quanto vale a palavra inteira? E qual é o nome do miúdo que está a responder? Quanto custa, se se utilizar a mesma "tabela de preços"? O palavrão foi publicado no jornal "The Guardian" para exemplificar o tipo de exercício que pode ser feito em casa para habituar os mais pequenos a conviver, com a maior das naturalidades, com o mundo das operações matemáticas.
Será que este tipo de táctica resulta e pode ajudar a diminuir a proverbial aversão à disciplina? José Paulo Viana, professor do ensino secundário e autor dos "Desafios" semanalmente lançados na revista PÚBLICA, acha que sim. "Pode ser determinante. Muitos dos bons alunos que temos vêm de famílias onde há uma preocupação dos pais nesse sentido. Às vezes nem é explícita, faz parte da cultura familiar: os adultos conversam muito com eles, vão pondo questões, jogos, problemas que obrigam os filhos a raciocinar, a organizar o pensamento".
Os jogos são, aliás, apontados por José Paulo Viana como um exemplo que pode revestir-se de grande importância para este propósito. "Muitas vezes nem têm a ver directamente com a Matemática, mas com formas de organizar o raciocínio. Os miúdos que gostam de jogar jogos em geral são alunos razoáveis ou bons".
Engarrafamentos e auto-estradas
Num engarrafamento, por exemplo, não custa nada jogar com as matrículas dos automóveis que vão estando parados imediatamente à frente. Objectivo: com os algarismos da matrícula que está à frente e as quatro operações elementares obter o resultado 24. São os miúdos (e os graúdos) que têm de descobrir que operações têm de fazer. Por exemplo, supondo que a matrícula é 74-45-MN, uma das hipóteses é: 7 menos 5 dá 2; 2 mais 4 são 6; 6 vezes 4 são 24. Todos os números têm de ser usados, mas uma única vez.
José Paulo Viana também sabe outro para a auto-estrada. Cada pessoa escolhe dois totais possíveis. "Quando um carro nos ultrapassa ou ultrapassamos algum, somam-se os dois algarismos de cada par da matrícula". Mais uma vez, se a matrícula for 74-45-MN, essa soma daria 11 (7+4) e 9 (4+5). Quem tivesse escolhido o resultado 9 ou 11 marcaria um ponto quando o carro passasse. Ganha quem chegar primeiro aos 10 pontos. "Este jogo faz com que as auto-estradas sejam mais rápidas. O entusiasmo é normalmente grande."
Se for feito com alguma regularidade, assegura o professor, o primeiro destes dois jogos "desenvolve muito o cálculo mental". O segundo pode ser jogado pelos mais pequenos, já que a única operação é a soma. "Como nem todos os totais têm a mesma probabilidade de aparecer, eles começam a aperceber-se rapidamente de que há uns melhores do que outros. Sem ouvirem sequer a palavra 'probabilidade', começam a adquirir essa noção intuitivamente."
Quando se sai de casa com um determinado destino, pode também ver-se o número marcado no conta-quilómetros do automóvel. Depois, cada um dos ocupantes aposta quantos quilómetros estarão registados no final da viagem, o que implica sempre fazer uma estimativa dos quilómetros do percurso e uma soma. Ganha quem se aproximar mais do total certo.
Outro exercício para desenvolver a questão das estimativas, "que é sempre uma capacidade muito importante", pode ser feito quando se vai com os miúdos e se faz uma despesa. Antes de pagar, cada um faz uma estimativa de quanto vai ser a conta e ganha quem mais se aproximar.
Habituar os miúdos a ler e interpretar mapas, horários e tabelas é também uma prática que José Paulo Viana considera altamente recomendável. "Os mapas, por exemplo, obrigam-nos a relacionar muito as coisas". Onde está Lisboa e onde está Évora? Qual é o melhor caminho a seguir se se quiser ir de uma para outra? Que distância vai ser percorrida? Os horários, por seu turno, obrigam-nos a "olhar para aquilo e perceber o que ali está". Ajudam a "desenvolver uma grande capacidade de relacionar variáveis que são fundamentais na Matemática", diz ainda.

Nota: o texto foi adaptado usando a moeda actual na UE - o euro e a sua parte centesimal, o cêntimo.

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